Desfez-se em mim a ânsia de amar: não sinto mais a mesma emoção ao olhar dentro dos teus olhos castanhos. É estranho dizer, digo com pesar que nada mais eu sinto: estou indiferente.
Tu me perguntas se tenho algo a dizer, por que estou com o olhar perdido. Penso em tantas coisas que eu queria falar, que eu preciso extirpar de mim porque me sufocam, me causam danos, me fazem pensar que a vida seria melhor sem ti. Penso em relembrar as histórias mal contadas que fizeste questão de esquecer. Eu não esqueci, eu não consigo esquecer. Penso, também, em dizer que eu sinto muito por trazer desgostos para tua vida, que talvez serias mais feliz sem mim, que eu lamento profundamente por ser essa pessoa tão dramática e sensível que chora por quase nada, que chora por tudo. Queria dizer que és a pessoa que mais me magoou e a que mais me fez feliz em toda a minha vida. Queria dizer que eu não quero mais, que prefiro a solidão aos fantasmas do passado que me assombram quando olho teu rosto tão bonito e tão doloroso e tão cheio de amor e de pesar e que eu sinto tanto por não sentir. Eu não sou capaz de amar em plenitude, desculpe.
Sei que não me entenderias.
“Nada”, respondo para não falar sobre tudo e perder minha razão de sorrir mesmo que ela me faça chorar quase todos os dias e te olho com meus olhos tristes que mais parecem uma prisão. Sorrio chorando, porque o amor me foi destinado desta forma tão dolorosamente bonita.
Dani Lusa