Mallu Navarro

Paciência com os dias ruins, dias melhores ainda virão

Tem dias que eu desejo não ter saído da cama, pois as esperanças são arrancadas de mim a cada acontecimento rotineiro. Muitas vezes me questiono por que cargas dágua eu preciso viver essa vida e desejo não ter nascido.

Tenho tentado ser otimista e perdi as contas de quantos livros de auto ajuda já comprei. Só comprei, pois a minha intenção é muito maior do que a minha força para ler e praticar. Basta um diazinho dos infernos que eu esqueço todos os bons conselhos.

Definitivamente, hoje foi um dia desses, um dia perdido, um dia que eu queria apagar da memória.
Eu sei que sempre tem algo bom todos os dias, que é muito melhor escolher ser feliz, porém, já estou farta de todo esse blá blá blá de psicólogos motivacionais.

Tem dias que são “de cão”, sim.
Se não houvesse, esse termo não seria tão antigo e tão frequente. “Péssimo, chato, medíocre e em que nada, sob hipótese alguma, vai dar certo.'” Essa é a definição do dia de cão, essa é a definição do meu dia.

Seis horas da tarde, final do expediente. Já que só faltam umas quatro horas para eu dormir e me livrar de vez de hoje, vou terminar de arruinar com tudo.

Eu aprendi a lidar com os dias miseráveis de uma maneira bem curiosa, foi um porteiro que me ensinou. Toda vez que eu chegava de um dia desses ele percebia minha expressão e gritava da guarita “foi um dia daqueles, dona?” eu só balançava a cabeça que sim, sem disposição alguma para olhar para trás e ele respondia “pisou na merda, abre os dedo”.

Eu custei a entender o que aquele senhorzinho queria dizer com aquilo.
Contudo, agora eu entendo. E se eu pudesse o beijaria na boca em agradecimento.

Como eu disse, o dia já foi péssimo até agora, tentar mudar os planos do destino pode ser frustrante, eu vou é ajudar a arruinar de vez.

E lá fui eu pagar todos os micos possíveis nas lojas do shopping, comer a pior janta da vida assistindo novela mexicana, pegar o ônibus que pára mais longe para ter que subir a ladeira de costas e finalizei tomando um banho gelado.

O fato é que abrir os dedos após pisar na merda é uma sensação bastante relaxante. É enfrentar a realidade e encontrar o lado bom que ela oferece. Ao aceitar o dia ruim e as situações desagradáveis o relaxamento vem e, de repente, os maus momentos se tornarão motivos para boas risadas.

O melhor de tudo isso é saber que apesar dos dias ruins existirem, eles vêm só de vez em quando e se veio hoje, eu terei alguns vários dias bons pela frente. Otimismos a parte, ainda bem que amanhã é um novo dia. Boa noite.

Mallu Navarro