Sei que já me apaixonei antes, mas não sinto que seja aquele mesmo envolvimento de sempre. Sei também que quase tudo que a gente sente na vida é questão de intensidade. É sempre demais, ou de menos. Eu já namorei algumas vezes, já pensei até em casamento, mas depois, depois de algum azar esquisito e doloroso tudo aquilo infelizmente acabava e eu ficava me perguntando se tudo o que eu tinha sentido era realmente amor, e era, até deixar de ser. Penso que só não era pra ser, não com aquela pessoa, e nem naquele momento.
Eu me questiona se amor era aquilo que ia e vinha com uma facilidade absurda pra algumas pessoas que, por vezes, te deixava feliz sem nem perceber e, por outras, te arrasava sem nem pedir. Ainda me questionava sobre o que de fato é o amor…ou se isso ainda não tem definição.
Quando te conheci não dei muita importância, na verdade, a gente nunca dá muita importância pra quem está chegando do nada, coloca uma cadeira e sem avisar te rouba a noite inteira com conversas aleatórias sobre animais fofinhos. Você não avisou que chegaria assim tão perto, tão diferente, puxando papo e me fazendo rir de coisas que eu nunca tinha visto graça antes. Isso já havia acontecido antes, mas não tão fácil, tão solto e tão leve, não na primeira conversa, e foi nela que eu soube o que iria acontecer depois de tudo aquilo.
E então me fechei, me afastei de toda e qualquer possibilidade de aquilo se tornar amor, aquele tal amor. Depois de semanas fingindo incontáveis vezes que eu não notava a cada vez que você sorria ou que me ligava na horas mais improváveis pra falar sobre coisas mais improváveis ainda, ou que eu não sentia sua falta, depois de tantas coisas que eu fingia não existir e brigava comigo mesmo só de pensar nas possibilidades, você sumiu. Na primeira vez em que ficamos alguns dias sem nos falar, eu pensei no quão aquilo me incomodava, mas deixei passar. O medo era maior, depois de tudo aquilo que eu tinha passado pensando ser as consequências do amor de alguém havia me roubado o coração e depois me entregado em uma caixa suja e amassada, tudo o que eu sentia tinha um muito de medo no meio.
Depois de alguns meses você reapareceu, meu coração quase parou de susto, não era possível que você fosse aparecer logo agora que o costume de não te ter já havia parcialmente me invadido, não era possível que você estivesse tão linda ou até mesmo mais do que quando a gente se falou pela última vez. Nada daquilo parecia ser possível. É como se todo aquele sentimento estivesse intacto, só esperando uma oportunidade para ressurgir com mais força do que antes.
Eu sabia que não era coincidência, soube logo no primeiro segundo em que você veio falar comigo e sorriu muito antes de dizer oi. Nem precisei pensar se sorria ou não, assim como meu coração, minha boca fez questão de lembrar como era bom sorrir ao te ver chegando. Daquele momento em diante me permiti sentir. Me permiti amar de novo e me permiti ser invadido por todas aquelas borboletas que todas as pessoas falam, as suas borboletas.
Depois de um tempo juntos, eu sabia que era diferente. Sempre é diferente, na verdade. A gente sempre pensa assim, sente assim. Mas, dessa vez era mais do que só diferente, era único, era intenso, era genuíno, era totalmente recíproco. Quer dizer, não era, é. Pela primeira vez eu não sinto medo. Pra mim, nós somos a melhor definição de nós que existe. É dois, que ao mesmo tempo, é um. É uma rede cheia de coisas boas e um punhado de coisas não tão boas assim. Afinal, não existe perfeição. Defeitos todos nós temos, inclusive o nosso nós. Não é a primeira vez que me envolvo com alguém, mas, é a primeira vez que alguém me envolve tanto assim, e eu fico feliz que tenha sido com você esse tamanho envolvimento.
Pedro Silva