Andréa Góes

Não consigo domar o que carrego dentro do peito

Quando o meu vulcão se excita
Meu impulso é convulsão
São expulsos todos os vãos, todos os sustos
Susto a coerência por um momento
E expulso de mim o que grita E aos gritos – te expulso também.

O ímpeto me impele ao salto
Ao alto, sou coagida a me mover – e não nego a origem do aviso.
Sem a presença da emoção complassiva,
Salgo – o almoço e a imagem que tem ao meu respeito.
Respinga pra todo o lado o velho conceito,
A falsa castidade, constrangida.
O meu ranger se torna estrondo, lança
Em ponta de ferida. No trono da impulsão, causo repulsa
Reino solitária- e absoluta Mando tudo afora, à força, à forca.

E então, quando o meu vulcão exausto, se resguarda
Meu pulso, são, tem a missão de colocar tudo no lugar,
Sem fazer alarde Mas arde, seguindo manso, se escondendo ameno
Até a próxima erupção.

Andréa Góes