Creio que em algum determinado (ou não) momento da vida. Nós acabamos por cair com o peso de todas as nossas dores, comumente falando, nós acabamos no fundo do poço. Não estou dizendo que isso seja uma regra estabelecida e cumprida por todos nós. Não existem regras quando se trata de dor, nem ordem especifica e muito menos uma similaridade entre elas. Por sorte, nenhuma dor é permanente. Por mais que alguns “Eus” tenham a certeza de que ela é realmente eterna ou que dure bem mais do que aquela sua aula chata de matemática. Tenha a certeza, nenhuma dor é eterna. Nenhuma. Seja física ou emocional.
Todos nós, passamos por aquela “fase ruim”, mas, como o nome em si já diz, é fase. Fases passam. A vida é cheia de fases e faz parte natural dela, ter alguns momentos em que chorar se torna a única opção em vista. Mas acredite, chorar não vai resolver nenhuma de suas dores, não vai resolver nenhum de seus problemas, mas com toda certeza, afirmo. Chorar, vai tirar um peso enorme de suas costas. Vai te aliviar de uma forma indescritível. Mas infelizmente, como tudo que é bom, dura pouco. O alívio de ter chorado rios, vai acabar. E o que você vai fazer? Chorar de novo? Não! Acredite, chorar vai sim melhorar um pouco. Mas não é a chave, não é a resposta que você procura. Entenda que: Deixar doer, é o primeiro passo. Não deixar que isso te consuma, é o segundo passo. Eu sei, não somos de ferro e querendo ou não, de alguma forma acabamos deixando que essa dor nos consuma e que em alguns casos, nos elimine.
Eu não estou aqui para ditar regras, discutir números ou apontar soluções eficazes. Até mesmo por que, isso não se trata de um texto de auto ajuda. Na verdade, se trata de um desabafo. E por empatia, um conselho de um “Eu” que se cansou de ser refém de sua própria dor, mas mesmo cansado, ainda sofre com ela.
Eu queria em algum dia qualquer poder sumir de tudo, de todos, e principalmente de mim. Talvez sumindo eu aprenda o quanto bom é existir, mesmo que todas as coisas ao meu redor insistam em empurrar para minha mente que é melhor ir, que é melhor cair de joelhos e esquecer de pensar em sequer pedir ajuda.
Ter noção de que de fato estou mal, me faz ter vontade de chorar ou até mesmo fugir. Fugir não vai adiantar, chorar, muito menos. Explodir não vai resolver nada, mas ter vontade é inevitável.
Ninguém sabe, quase ninguém percebe que todas as noites o mundo cai aos meus pés todas as vezes em que deito na cama e sinto peso dos meus “Eus” e suas mil dores. Ninguém sabe o quão dolorido é ter que fechar os olhos e confrontar meus próprios pensamentos que por vezes me torturam mais do que qualquer outra arma inventada. Ninguém sabe o quão triste é se olhar no espelho e ver o reflexo de alguém que finge a todo instante que nada disso está acontecendo, é duro esconder sua destruição interna.
De fato, é mais fácil fingir. Vivemos em um mundo irracional e ignorante onde estar triste é frescura, onde a dor é frescura, onde até o sentir se tornou frescura. É difícil ter que enfrentar dedos apontados em sua direção, quando até mesmo os seus te punem. Repito, é difícil. Ultrapassar tudo isso, é mais ainda. Não é impossível sair desse poço que parece ser sem fim.
Temos que estar cientes que fases ruins existem e que os dias de morte interna podem estar aí a sua porta. Mas lembre-se das fases. Você pode estar no chão, sem forças e quando menos esperar, irá surgir uma força que vem lá de dentro e te empurra para cima, te faz ver que ficar no chão não vale a pena e sem dúvidas, não é o que você merece.
Eu me agarro nisso todos os dias, me agarro nessa força que as vezes nem sinto que existe, mas sei que está lá. Me agarro nessa vontade de viver que tem aqui dentro e que por vezes ignoro. Me agarro na vida.
E você, onde se agarra?
Pedro Silva