Edgard Abbehusen

Cuidado para não procurar a pessoa certa no coração errado

O mundo está repleto de pessoas legais. Agradáveis. Gente que conquista a gente no primeiro olhar. No primeiro beijo. Naquele sexo inesquecível que, certamente, ficará guardado no cantinho especial da nossa memória sacana. Sério. Tem gente que é, simplesmente, foda.

E não tem nada a ver com beleza, músculos, dinheiro.

Alguns chamam de borogodó. Na Bahia, dizem que é o dendê.

Não sei se existe definição apropriada pra gente que se espalha no coração da gente. Mas, não é amor.

Entenda.

Essas pessoas são de alma livre. Elas até tentam ficar num ninho. Mas, elas gostam mesmo é de voar. Seu coração vai apertar em pensar que você não se casará com ela, não terá filhos com ela. E, num futuro próximo, talvez vocês nem se falem mais.

É incrível. São encontros tão especiais, com tanto encanto e com tanta verdade, que a gente quer se jogar. Mergulhar de cabeça. Largar tudo e ir pra qualquer lugar com aquela pessoa.

Por outro lado, essas pessoas vivem aquilo tudo de forma intensa, também. Não. Elas não são ruins, nem estão sendo escrotas. Simplesmente, elas querem aproveitar o máximo daquele ninho que resolveram fazer morada.

E depois voar.

Não porque estão cansadas. Não porque estão enjoadas. Não porque não gostaram de ficar com você.

Acredite, muitas vezes, nós que procuramos a pessoa certa, no coração errado. E aí a gente fica frustrado. Acha que o problema somos nós. Não! Desencana.

Não existe problema em o outro querer ir depois de momentos repletos de coisas, viagens, beijos, abraços e sexo intensos. Esse tipo de gente chega principalmente, mostrando que a sua melhor companhia é a asa e a sua melhor casa é a gaiola aberta e, muitas vezes, nem avisam.

Mas não avisam, porque acham que não precisam. Não carregam em si o peso das expectativas, das cobranças, do amanhã. Vivem. Do jeitinho que tem que ser.

Descarregam seu dendê, borogodó – ou seja lá o que for – e, se tivermos maturidade, vamos entender que temos que deixar ir. Amar o momento. Os dias. Amar a despedida e o voar de quem nasceu pra ser livre.

Um dia, quem sabe, essas pessoas encontrem ninho e façam morada. Enquanto isso, procure um coração que queira ficar. De preferência, o seu próprio coração.

Esse, tem borogodó e dendê de sobra dentro da gente. E bate pra nos manter vivos. Com toda essa intensidade bobeando o nosso ego, vamos voar também em busca de ninhos. Ou do ninho.

Tudo é uma questão de manter cada coisa em seu lugar. Cada qual em seu espaço específico. E alçar voos em direção ao amor próprio, em busca do amor das nossas vidas.

Nesse voar por aí, talvez vocês se encontrem. Ou você se encontre. Tem tanto caminho, ninho e carinho precisando de uma asa pra se aquecer.

E, não esqueça: se aquecer, antes que qualquer outro apague a tua chama de viver.

Edgar Abbehusen