A minha vida estava mais arrasada que Berlim, em abril de 1945. Então você, feito um maldito tanque de guerra americano, apontou o seu canhão de palavras cruas e disparou contra o que restava de sólido entre os meus destroços.
Não há nada pior que não possa piorar – já disse alguém um dia. – Ser deixado por alguém que amamos, é devastador. Observar a conversão de amor em indiferença é agonizar com as vísceras expostas no asfalto de uma rodovia sem energia elétrica. A rejeição tem o poder de desencarrilhar o trem da nossa vida. Desestimula, faz dobrar os joelhos. Se materializa em lágrimas dolorosas e em lambidas na cara, de um cachorro vira-lata, às sete da manhã, no meio fio de alguém desconhecido.
Ela foi o maior amor que eu já tive. E por isso, nada mais justo que ser a maior dor também. Brindo com a loucura e o pânico, com o coração (ou o que sobrou dele) embriagado de esperança de vê-la arrependida, dizendo que tudo vai ficar bem. A verdade, é que meu ego é do tamanho de uma galáxia, e aceitar perdê-la, é ter um fósforo queimando dentro do meu estômago.
Tenho ficado doente, e isso não é justo. “A vida é tão breve para esperarmos que as pessoas se arrependam de suas atitudes. Para nos alimentarmos das migalhas afetivas que recolhemos do outro. Para torcermos que a pessoa amanheça um dia loucamente apaixonada por nós.” Amar o invisível, é lamber uma úlcera exposta. Esperar um gesto de caridade de alguém que não está mais aqui, é dançar valsa nos trilhos de um trem.
Ainda que eu a ame muito, às vezes, a gente precisa entender que quem parte das nossas vidas, tem consciência do que está fazendo. Se despeça de quem já se despediu de você.
Brendow Henrique e Pamela Marques