Ansiedade. Incompreensão. Angústia. Esses são os sentimentos que têm guiado a maioria dos relacionamentos atualmente. Por que? Porque as pessoas estão tão machucadas, que se torna automático machucar aos outros. Acontece naturalmente, o medo guia as atitudes e a falta de plenitude viabiliza as ações instintivas. Dia após dia, entre encontros e divórcios, milhares de pessoas são expulsas da vida de seus parceiros, ensangüentadas, com uma mala nas costas e um coração tão fragilizado que, muitas vezes, nunca se recupera.
Por conta da rejeição, as pessoas encontram dois caminhos: partir incansavelmente em busca de aceitação ou fugir de qualquer possibilidade de aproximação. E vira e mexe um perfil encontra o outro e é uma luta sem fim, afinal, são dois opostos porém, com o mesmo trauma. Inicialmente, o desafio parecerá atraente para ambos, contudo, nunca serão capazes de suprir as necessidades alheias; um tem necessidades demais e o outro não vai se abrir jamais.
Esse é o triste cenário da população brasileira, em que ninguém se recupera completamente antes de voltar ao campo de batalha, partindo para as trapaças, afim de vencer a luta, sem ter condições de estar ali.
É exatamente isso que acontece com aquelas pessoas que agridem, que traem, que mentem, que não se separam mesmo querendo, que não se envolvem mesmo gostando. Todo ser humano que rejeita uma união ou precisa, desesperadamente, de uma é um ser humano machucado pela vida e que não se reabilitou. Todavia, permanece entre camas e corpos, oscilando entre bons e maus momentos e deixando um pedacinho de sua dor por onde passa.
Você não tem culpa se encontrou alguém assim pelo caminho e saiba que (quase) ninguém se comporta dessa maneira intencionalmente. Até por isso muita gente acaba por perdoar e compreender alguns erros de seus parceiros, pois os argumentos parecem ser realmente honestos. Eu não indico; afinal, a responsabilidade de integridade, de não espalhar esse veneno adiante, é pessoal. E quando o indivíduo comete um erro e não é punido, ele não assimila que errou e tornará a fazê-lo.
Entretanto, agora que está aqui, pode fazer diferente. Se por acaso você vier a ser vítima de um coração machucado, vai doer, você vai sofrer e achará injusto. Sentirá raiva e pensará em se vingar de toda a espécie do mesmo gênero. Contudo, o que eu indico é que despeça-se desse alguém, sem ressentimentos, e procure compreender o que o levou a ser assim. Não se coloque na posição de culpada, pois existem apenas dois culpados nessa situação: alguém que o feriu antes e ele mesmo, que está contaminando outras pessoas.
Faça diferente, seja superior, inteligente e madura; recupere-se antes de entrar em outra relação, assuma a responsabilidade por não espalhar ilusões. Sempre atenta aos sinais de corações partidos, para que não se envolva novamente caso encontre com outro por aí. E acredite, essa união de autonomia e perspicácia funciona como um antídoto contra desilusões.
Mallu Navarro