Algumas coisas nunca voltam, mas isso não me impede de continuar pensando nelas. Foi assim com a gente. É assim com o nosso fim. E me desculpe se isso te incomoda, mas é impossível deixar rapidamente de lado um sentimento que se tornou tão intenso aqui, e também aí, em seu peito.
Por isso ainda te procuro. Às vezes eu só quero saber como você está, o que está comendo, os lugares que anda frequentando e as companhias que escolheu se manter perto. No fundo, tudo que quero mesmo é ter a certeza de que você está bem melhor que eu e que, mesmo diante das consequências, que ainda me deixou em algum espaço aí dentro.
Porque dói quando relembro o que foi vivido e penso que poderíamos estar juntos agora. Porque machuca saber que o futuro sonhado se resume a lágrimas de saudades. Porque me destrói ter de aceitar que o amor que ofertei, já se dissipou em tão pouco tempo. Porque, mais do que tudo, eu sinto meu coração ser esmagado ao carregar a certeza de que você não pode mais voltar.
Já perdi as contas das vezes que prometi não mais fazer isso, mas insisti em te procurar. Perco a razão, a sanidade, a paz e o chão por não ter conseguido seguir em frente, mesmo sabendo que a gente não era pra ser e que a vida inicia e fecha ciclos constantemente.
A verdade é que ninguém nunca está suficientemente preparado para o fim, por mais óbvio que ele seja. E entre nós o fim já havia preenchido espaço antes mesmo que percebêssemos. Em mim vai continuar massacrando até que eu compreenda que algumas coisas chegam ao fim para que outras novas se inciem. E espero que isso aconteça em breve.
Se o futuro será melhor ou pior, ninguém saberá. O que está inteiramente sob responsabilidade da gente é a obrigação de fazer diferente daquilo que levou ao fim os ciclos do passado. As oportunidades novas que vão sendo criadas, agora podem ser alicerçadas com as duras lições que a vida pacientemente ensinou.
Quanto ao que já foi, restarão memórias que muitas vezes passam diante dos olhos em câmera lenta. Quanto ao que virá, maturidade para viver, sabedoria para não cair nas mesmas armadilhas e coragem para reconstruir-se sempre que necessário. O fim dói bastante, mas permanecer aprisionado a ele machuca muito mais.
Jey Leonardo