Meu ventre
Se localiza entre a alma e o coração
Pulsa em comunhão com uma nova vida
Que ainda tão pequena e tão vivida
Já consegue ser gigante.
Meu ventre
Tem o tamanho do Universo,
O tamanho de uma prece,
De uma prosa infinita
Que a cada dia, inconcluída
Quer se preencher de poesia
E medir mais e mais centímetros de Deus.
Meu ventre
Tem a dimensão do espaço
Em um pequeno traço
Se torna um cesto, um abrigo, um vaso
Que floresce, passo a passo
Até se tornar um gesto, casto, que busca
Gestar um imenso e vasto
Ato de Amor.
Meu ventre
Transcende o corpo, transcende o caos
Se distancia da objetividade do humano,
Dos órgãos comuns e suas funcionalidades ordinárias,
Ele ascende aos céus, ainda estando na Terra
E eu,
Experimento a sensação da existência se apoderando de mim.
Andréa Góes