Às vezes é preciso de um olhar visitante
Daquele perto, distante
Que não tem sua vista cansada
Que não tem sua alma viciada
Com as lentes da rotina
Aquela óbvia, costumeira, que tudo vê
Menos que a sua forma de enxergar
Deixa sempre escapar
Pelas mãos
Aquele tanto de emoção
Uma cota de surpresa
Aquela parte em liberdade.
Às vezes é preciso de um olhar afastado
Daquele próximo, apartado
Que não tem sua vista cansada
Que não tem sua alma viciada
Com as lentes da arrogância
Aquela diária, que tudo alcança, tudo sabe
Sem ao menos saber por quê
Aquela ponta de lança que crê
Na obviedade sem lógica,
Nos acordos silenciosos,
Na estagnação solene.
Às vezes,
É preciso de um olhar distinto
Daquele chegado, longínquo
Que olha o mundo por instinto
Com as lentes de eterno desconhecido
Prestes a explorar.
É preciso parar de ver,
Sem enxergar.
E preciso ver com as lentes do coração
Somente elas,
Enxergam com a visão.
Andréa Góes.