Foi um ano difícil. Talvez essa seja uma daquelas típicas afirmações que recebem o consentimento de todo mundo. É impressionante. Mas foi um ano muito difícil mesmo. Pior que em praticamente todos os sentidos. Tempestades longos e poucos dias de sol. Era como se a gente tentasse insistentemente arrumar, mas que, por algum mistério, a vida permanecesse sempre bagunçada.
Perdi as contas das vezes que olhei ao meu redor e senti como se o teto da vida houvesse despencado sobre a minha cabeça. 2016 trouxe uma carga tão pesada que por vários momentos duvidei se realmente fosse capaz de suportar. Perdas irreparáveis, nós na garganta, despedidas dolorosas, apertos no peito, lágrimas silenciosas e muitas lições vividas.
Não é que a gente tenha o hábito de se apegar somente ao que machucou, porque durante os meses, logicamente, sorrisos e glórias também fizeram parte do processo. Mas a verdade é que as cicatrizes falam muito por nós, pois cada marca que trazemos na alma representam as batalhas que enfrentamos, tornando-nos as pessoas que somos e seremos. E 2016 criou uma coleção particular delas.
Um ano em que a sensação foi de que a passagem do inverno durou mais que o esperado. Dias cinzas e frios compuseram o cenário na maior parte do tempo. Nos deixando sempre encolhidinhos na cama na tentativa de escapar de uma enxurrada de acontecimentos cruéis que rolavam lá fora. Já o verão, deixou a impressão que transitou tímido, sem graça e silencioso. E quanto ao outono… ah, o outono, esta é estação que acontece agora. Aquela que marca o período de transformação, na qual secamos e nos despedimos das folhas secas, para receber novamente o verde da esperança e a beleza das flores que vêm com a primavera. E a tão sonhada e encantadora primavera tem data certa para começar: 1° de janeiro de 2017. Quando a gente relaxa o coração e deixa o vento levar todas aquelas folhas que mereceram secar em 2016, para que possamos florescer e brindar uma nova fase, um novo ciclo de mudanças e renovação.
Assim é a vida, um eterno murchar para posteriormente florir. Este ano que estamos dando adeus deixou claro o quanto fomos e somos guerreiros, verdadeiros heróis. A dor nos provou que o ato de superar, apesar de ser extremamente delicado, ainda é possível. E superamos. 2016 ficará para trás totalmente superado.
Quando o relógio marcar os minutos finais de 2016, feche os olhos e rememore o que viveu. Lembre que apesar de tudo, você sobreviveu. Chore o que for necessário. Agradeça por cada parcela de felicidade e também de dor. Respire fundo e diga: “Em 2017 a vida pode até continuar sendo a mesma, mas eu não! A partir de agora meu trato é comigo e eu hei de me fazer feliz.”.
Ninguém, em hipótese alguma, venceu sem lutas ou sacrifícios. Dificuldades compõem parte de nossa história, mas não definem totalmente o que somos. 2016 passou, da mesma forma que tudo na vida passará. Nenhuma dor dura para sempre. O que dura para sempre mesmo é o amor que levamos no peito e plantamos no peito de outras pessoas para que depois elas colham e se lembrem de nós de um jeito bonito.
Eu fui forte. Eu sobrevivi. Eu estou aqui. E uma coisa posso garantir: eu aguento firme! Que 2017 seja lindo e tranquilo como as brisas primaveris, porque a gente também merece doses regulares de paz.
Jey Leonardo