No domingo perfeito
O perímetro ideal é qualquer lugar ao redor da cama,
O corredor até você.
Nesse dia tão casto
Não é a Deus a quem me alastro
Perco o decoro, nefasto
Decoro cada dobra desse caminho
Deixo o foro e as formalidades de lado
Forro o nosso temperamento com os lençóis mais brandos da casa,
Cuido para não deixar nenhum mal entendido de fora.
Por algumas horas,
O nosso entrosamento arranca pijamas, cabelos e bagunça os jornais
Deixa na densidade do ar
Cheiros de café, incenso e amor de poses imorais.
No fim do dia, a ruptura é brusca
A escuridão da noite ofusca
Não há conciliação com as horas
Não há negociação com o domingo que se põe afora
Amiúde, cessando o nosso amor ofício
Essa paixão castigo que nos prende sempre
Nesse domingo vício.
Andréa Góes