Um dia qualquer, provavelmente uma quarta-feira, ela voltou para casa no fim da tarde, como todos os dias anteriores dos últimos 20 e poucos anos. Mas nessa noite, em vez de assistir a novela das oito, assistiu seu conto de fadas chegar ao fim.
Pares de anos se passaram e Rapunzel, mesmo com a porta aberta, permanece em sua torre. Eu a visito vez ou outra, tento convencer, argumentar, não há nada que a tire de lá.
Ela insiste que ali é seu lugar e ali ela deve esperar, como entender essa loucura? Se precisar, é só voltar.
Desconhece essa simplicidade, investe pavor em todo movimento, pensar em mudança sempre resulta em grito, dor e sofrimento.
Ah, Rapunzel, sinto em dizer, príncipe algum poderá salvar você. Sua salvação não está aqui fora, e sim, perdida na sua psiquê.
Abraçada com seus fantasmas, confia sua satisfação a terceiros, implora aos dias, que sejam curtos, rápidos, ligeiros. Será que não vê que quanto mais se esconde menos se lembrarão de você?!
Suas flores estão sofrendo com o vento, se não tem forças, tenha discernimento. Vá para o jardim, ponha em prática a teoria, enfim, molhe os pés no rio da vida, onde a água é corrente e infinita.
Deixe o passado para trás, você não precisa mais estar lá. A escolha sempre será sua, mas já passou da hora de tentar. A vida real é aqui e a vida real é dura, se estiver disposta a sorrir, confia em mim, é só descer, bem-vinda, sua.
Mallu Navarro