Andréa Góes

Mulher, tu és linda do jeitinho que é

Se você se visse como eu te vejo
Não desejaria mudar nada em si mesma,
Nem os seios, o rosto ou o cabelo.
O que de mais lindo você tem
Tem nesse corpo vivo, inteiro
Que abraça e abarca
O fim, o início e o meio.
Se não adianta querer decepar a alma,
Mudar uma linha da sua mão,
Por que ainda insiste em esconder suas linhas,
Se alinhar num outro padrão?

Suas curvas,
Mostram o quanto você flui, rio caudaloso
Não se cala, ecoa, esse seu corpo.
As marcas escancaram tudo aquilo que você já viveu
Tudo o que em ti pulsa,
Que está vivo ou que já morreu.
Essa máquina estridente e feroz que nos sustenta
É instrumento de vida, ávida em instinto
Se você não quer passar ilesa pela vida- como seu corpo passaria extinto
De qualquer lembrança
Ainda que isso seja uma celulite, estria ou marca de infância?

Autêntica
Você não se encaixa em padrões limitantes
Se não cabe em uma caixa
Porque caberia em um modelo de mulher enjaulada?
Numa cintura que não se solta para a vida?
Num cabelo que não voa ao vento?
Num seio que não guarda afeto?
Numa pele lisa, que só pensa em fugir do tempo?

Tudo é pintura divina do criador
Que com seu pincel mágico, em cada uma, deixa diferente cor
Mas as mulheres teimam em querer apagar
Qualquer vestígio que as lembre
Que o vestido da pele,
Não é de marca, tem prazo de validade e não dá para trocar.

Se você se visse como eu te vejo
Veria o quanto é linda, menina
Meninice em mulher,
Vocé é pura vida
A vida pura, no corpo que tiver!

Andréa Goes

Andréa Góes

Meu ventre

Meu ventre
Se localiza entre a alma e o coração
Pulsa em comunhão com uma nova vida
Que ainda tão pequena e tão vivida
Já consegue ser gigante. Leia mais

Andréa Góes

Às vezes, a culpa pesa mais do que podemos suportar

A tua culpa vem em ondas
Por onde andas, não importa o que faças
Estás sempre errada,
Teu remo nunca te leva a nada
Além da autotortura.
Não importa a altura do que alcanças
Não importa se é espada ou lança que enfrentas
Teu rumo nunca é de paz
Estás sempre aquém, sempre atrás
De todo o teu potencial.
Teu prêmio é cobrança letal
Que ensina a sempre querer mais,
Ganhando cada vez menos. Leia mais

Andréa Góes

Resiliência

Em minha residência interna
Habita a não resistência externa
Sou a favor do que a vida traz
Enfrento seu olhar atroz
De quem espera de mim uma lágrima, um grito, uma ruptura
Mas não captura que em meu âmago
A mágoa ocupa lugar de motriz amarga
Que funciona à medida que o motor alarga
E me faz sempre ser mais forte, ser maior
Da minha matéria prima extrai o suor
Com que me construo diariamente. Leia mais

Andréa Góes

Um dia fomos três

Um dia, fomos três
Antes dela mudar a sua tez, sua expressão
Foi antes da conversão.
Conversava normalmente, ainda nesse tempo
Não se importava se estava fora ou dentro,
Do padrão, da moda, do coração.
Ainda não comprava roupa importada
Ainda ela mesmo, se comportava. Leia mais