Mallu Navarro

Ninguém morre de amor

A paixão é tão traiçoeira, né?! Todas aquelas sensações desconcertantes nos dominam como fantoches, nos vestem com roupas alegres e engraçadas, nos colocam óculos cor-de-rosa que tocam musiquinhas e saímos cantarolando por aí, sem nos importarmos em fazer papel de ridícula.

Afinal, está tudo ótimo. Nada mais importa além dos momentos a dois, as vozes de nenê, os passeios de mãos dadas e os afagos de dar náuseas a quem quer que olhe.

Que preguiça de me apaixonar de novo. Sim, é bom, é ótimo, é lindo. Até acabar. Porque aí, querida, você vai degustar toda essa fartura de bobagens afetivas pelo avesso. Tudo que teve de bom vai escorrer, gota a gota, em lágrimas. Uma a uma, para que demore bastante, para que passem semanas, meses, para que você engula a seco cada sílaba balbuciada com tom infantil. E o que era fofinho e gostoso se torna duro, amargo e indigesto.

Às vezes, eu fico vendo essas pessoas que amam três vezes por ano, trocam de namorado como trocam de roupa. Fico pensando se são muito corajosos pra dar a cara a tapa com tanta freqüência ou se ninguém mais ama e esqueceram de me avisar pra parar também.

Dói, dói para um carvalho gigantesco. Imagina para um reles mortal. Mas, ninguém morre de amor além da tonta da Julieta, então a gente sofre, toma na cara e decide que não vai mais se apaixonar por ninguém. Chega de romance, foca na carreira, volta a respirar, tira o band-aid do coração, o pijama do corpo e o salto do armário.

Pisa na rua, recuperada, vida nova. E acontece o quê? Dá de cara com aquele príncipe que conheceu há 2 anos atrás, quando não podia dar atenção.

Vai lá, minha linda! Sorri pra ele. Troca telefone. Mergulha no redemoinho. Se atola na lama. Acabou de sair da penitenciária e tá aplaudindo que nem uma foca o primeiro criminoso que aparece.

Vou te falar, viu… Não tem como defender esses coraçõezinhos. São bobos, são moles, são burros de dar dó. Mas que são fortes, aaaah, isso ninguém pode duvidar.

Mallu Navarro