Jey Leonardo

A gente não pode perder a paz devido às escolhas dos outros

É corajoso e um tanto assustador, como algumas pessoas tendem a insistir em se equilibrar com apenas um dos pés no pico de um abismo, acreditando que podem sair ilesas disso, mesmo quando tentamos avisá-las da gravidade do risco em caso de queda.

Ninguém tem o direito de intervir sobre as decisões dos outros, mas isso não impede de nos preocuparmos. Se há preocupação, há amor. E se há amor, há a necessidade de cuidar. Não existe nada mais doloroso que assistir alguém que você ama perder tudo por conta de escolhas equivocadas. Principalmente quando você acha que poderia ter feito alguma coisa para evitar isso.

Mas fazer o quê, por quem não se deixa ajudar? Tentar o quê, se os teus esforços são tratados com indiferença? Interferir em quê, se a pessoa condicionou seu universo somente àquela situação sem volta? Por mais que seja duro entender, lavar as mãos é tudo que nos resta. A não ser que desejemos perder a sanidade também.

Eu já lutei tanto para não perder certas pessoas, que quem acabou se perdendo no meio do caminho fui eu. Dei um basta nisso. Cheguei à conclusão que é doentio perder a paz por alguém que optou viver em constantes guerras, mesmo tendo o poder de abster-se delas.

A gente não pode se sentir responsável pelo querer do outro. A gente precisa aprender a lidar com o nosso caos e esquecer um pouco do caos das pessoas. Somos incapazes, às vezes, de resolver até os nossos próprios problemas. E não há nada de errado nisso. E isso não tem absolutamente nada a ver com egoísmo. Cada um que batalhe para se livrar das roubadas em que for se meter.

Tenho a impressão que algumas pessoas parecem ter predisposição para sempre insistirem no pior. Só que, no fundo, torço pela sua felicidade, independentemente de qualquer coisa. E de todo coração, torço também para nunca ter de chegar até elas, olhar fixamente em seus olhos e dizer com tristeza: “eu avisei”.

Jey Leonardo